sexta-feira

BALANÇO DA VIAGEM E ALGUMAS CURIOSIDADES


a) Não fomos a Paris, não fomos a Roma e não visitamos o Papa. Fizemos uma rota alternativa por vielas estreitas de uma Europa antiga, belíssima, transitando por cenários fantásticos e atravessando, pelo menos, 400 vilarejos ou pequenas cidades, algumas delas mais velhas que a própria Era Cristã.
Estivemos em Veneza, Bassano del Grappa (onde viveu Napoleão e onde se localiza a ponte que simboliza a derrocada do Fascismo na II Guerra), em Tórbole (onde Göethe escreveu Ifigênia), nos Alpes, nas Dolomitas, no Lago Di Garda, no Mar Adriático, na Bavária e na Floresta Negra, atravessando os Passos infinitos das montanhas alpinas.
b) Evitamos as autoestradas e não pagamos um único pedágio. Apenas na Travessia do Timmelsjoch (entre Áustria e Itália) foi-nos cobrada uma taxa de 12 euros para manutenção da pista (geralmente coberta de neve 9 meses por ano). Foi um planejamento complexo, realizado pelo amigo e parceiro Wolfgang, um nativo alemão que conhece como ninguém as boas rotas motociclísticas da Europa.
c) O total de quilômetros rodados, apenas de moto, foi de 2227 km. A Itália foi o país que mais rodamos, com 886 km; seguidos pela Alemanha, com 861 km; Áustria, 267; Suiça, 162 km; França (só Estrasburgo), 28; e Liechtentein, 23. Também viajamos cerca de 800 km de trem e 400 km de automóvel, em deslocamentos pela Alemanha e Itália.
d) De todos os lugares por onde passamos, somos unânimes em eleger a Itália como a região mais bela de todas. Paisagens variadas de lagos, montanhas, mares e uma arquitetura milenar de encher os olhos. Acrescente-se a isso a comida maravilhosa, o povo simpático e bem humorado e os vinhos a preço de banana.
e) "Passos" - a melhor tradução desta palavra talvez seja "travessia de montanhas". Toda vez que se observa no mapa o nome de Passo "x" ou "y", pode-se ter certeza absoluta que será um trecho montanhoso, com curvas e mais curvas, geralmente de 180 graus ou pior, que dão um tempero especial a qualquer viagem. Passamos pelos Passos Timmelsjoch (o mais perigoso de todos, entre Áustria e Itália), Passos Sella, Pordói, Rolle, Tre Croci e Falzarego (na região das Dolomitas), Passo Pellegrino  e um punhado de outros que não me lembro o nome.
f) O Passo Timmelsjoch (ou Passo Rombo) foi a maior experiência de pilotagem da minha vida, por conta do longo trecho de curvas muitíssimo acentuadas, bordeando abismos cinematográficos. Rosane teve uma crise de pânico e eu tive que superar às duras penas, in loco, o medo de altura que vez por outra me ataca nessas situações. O Timmelsjoch fica aberto de junho a outubro e, neste período, passam por ele 77 mil motocicletas e 90 mil automóveis todos os anos.
g) Preço Médio da Gasolina -  O litro de gasolina mais barato foi na Áustria (€ 1,40) e o mais caro na Itália (€ 1,75); depois Liechtenstein (€ 1,46), Suíça (€ 1,46) e Alemanha (€ 1,54). Não foi preciso abastecer na França.
h) Motociclistas europeus -  cruzamos com aproximadamente 2000 motociclistas pelo caminho. Nossa rota foi similar às utilizadas pelos amantes das duas rodas. Devo referenciar essa galera, porque eles pilotam muito! A formação motociclística na Europa é coisa séria. O cabra sai da autoescola conhecendo muito das técnicas de frenagem e da utilização do corpo em curvas fechadas, algo que demorei 20 anos para aprender sozinho. Eles andam rápido, mas com segurança. Foi comum vermos grupos entre 5 e 12 motociclistas andando juntos. Não vi nenhum brasão de moto clube. Parece que eles marcam seus encontros pelas redes sociais ou formam turmas com os parceiros dos tempos de autoescola.

Passo Rolle, Itália
Dolomitas, Itália
Dolomitas, na Itália
Veneza, Itália



Um comentário: